Por que gastamos tanto em enterros?

Quem pensa em economizar no enterro de um ente amado? Poucos, afinal, todos querem homenagear com carinho aqueles que amamos, especialmente após a morte de um familiar. No entanto, o problema está mais embaixo: não é que não pensamos em formas de economizar com os gastos do funeral – estudos mostram que as pessoas mal pensam em dinheiro neste momento.

 

 

Segundo o autor Dan Ariely, as pessoas estão dispostas a gastar mais com os preparativos do enterro de uma pessoa querida do que imaginariam gastar para seu próprio funeral – e isso não depende de classe social. Em vida, poucos topam fazer um seguro de vida com assistência funeral (que pode sair a partir de R$ 30 por ano). Mas quando alguém morre, os gastos com um enterro simples começam em R$ 700 – e o céu é o limite.

 

No livro “Payoff” (Recompensa, em uma tradução livre), Ariely conta diversos casos de pessoas que gastaram tanto no enterro de entes queridos que acabaram se endividando. “Nós, os vivos, somos guiados por uma série de motivações, incluindo a forma como pensamos sobre os mortos, seus papeis em nossas vidas, o nosso nas deles, e a perspectiva da nossa própria mortalidade”, afirma.

 

Observarmos os rituais envolvidos em funerais, fica clara a nossa necessidade de termos uma “imortalidade simbólica”. “É por isso que indivíduos ricos abrem fundações de caridade e colocam seus nomes em prédios; porque artistas famintos escrevem e desenham; porque artistas de grafite pintam nas paredes do metrô; porque crianças escrevem seus nomes em pedras e árvores; porque Michelangelo pintou afrescos em capelas; porque atletas se esforçam tanto para quebrar recordes; e mesmo porque algumas pessoas comem uma centena de cachorros-quentes de uma só vez, só para incluir os seus nomes no livro Guinness”, explica.

 

Por isso também, não queremos economizar com o enterro de familiares – mesmo quando sabemos que se fosse o nosso funeral, não gostaríamos que nossa família gastasse tanto assim. E mesmo sabendo que o próprio falecido não teria aprovado tantos gastos.

 

 

Post em colaboração com a jornalista Carolina Ruhman Sandler